A Europa realmente ficou mais barata que os Estados Unidos?

Recebemos uma mensagem bem interessante de um leitor. Ele estava em dúvida sobre abortar os planos de viajar para os Estados Unidos e, ao invés disso, viajar para a Europa. Disse que leu reportagens que afirmavam que a alta do dólar tinha deixado a Europa mais barata, e queria saber qual a nossa opinião. Achei a pergunta tão pertinente para o momento que decidi compartilhar com vocês a minha opinião sobre o assunto.

Eu também li algumas dessas reportagens e minha observação é: cuidado com as generalizações fora de contexto. Na verdade, não foi só o dólar que subiu, o euro também deu seus pulos; menores, mas deu. A verdade é que o real se desvalorizou. Então, como assim, “Europa mais barata”?

O que as reportagens sérias tentaram dizer foi: como o dólar “subiu percentualmente mais” do que o euro, uma viagem para os Estados Unidos “subiu percentualmente mais” do que uma viagem para a Europa.

IMPORTANTE: Pra deixar o post bem didático, usei os valores das moedas no dia que escrevi, ou seja, os valores poderão estar bem diferentes dependendo do dia que você vir esse post. Assim, use o meu raciocínio para te ajudar na decisão, mas não os dados, ok?

Dólar X Euro
Dólar X Euro

De uma forma bem simplificada, podemos dizer que os custos de uma viagem para os Estados Unidos subiram 37%, enquanto para a Europa o aumento foi de 10%. Isso significa dizer que, comparando com o ano passado, os gastos para conhecer o Mickey aumentaram mais do que os gastos para conhecer a Torre Eiffel. Perceba que não é o mesmo que simplesmente dizer que a “Europa está mais barata”.

Voltando à pergunta do leitor. É melhor mudar os planos? A resposta não é tão simples como sim ou não. Vamos analisar alguns fatos.

#1 Valor de um dia de viagem

Planejando bem a viagem, você irá perceber que hotéis parecidos e com boas localizações terão valores parecidos em Paris e Miami, por exemplo: 100 dólares em um, 90 euros em outro.

Os valores dos passeios e alimentação também não são muito diferentes. Um tour de ônibus (através da empresa City Sightseeing) de um dia em Paris custa 30 euros. Em Miami, 35 dólares. Uma pizza de pepperoni no Pizza Hut em Paris custa 18 euros. Em Miami, 10 dólares.

Em suas respectivas moedas, os valores mantêm a mesma ordem de grandeza e, portanto, são semelhantes nos dois lugares.

#2 Promoções de passagens aéreas

Aproximadamente, 3 milhões de brazucas devem visitar os Estados Unidos em 2018. Em 2014, 2 milhões e pouquinho de nós visitaram o país (reportagem aqui) e gastaram um montão de reais por lá. Isso nos coloca em quinto colocado no ranking dos países que mais envia turistas para os States e também na quinta posição entre os que mais gastam.

A alta do dólar fez muitos de nós postergar a viagem e optar por destinos nacionais ou na América Latina (que vale super a pena!). Então, as companhias aéreas começaram a soltar uma promoção atrás da outra, na tentativa de conter ou diminuir a desistência. Afinal, eles se importam com o nosso dinheiro. Por outro lado, as companhias europeias não estão tão empenhadas assim.

#3 Você quer conhecer os Estados Unidos e não a França

Você já tirou o visto, já pesquisou os destinos e está sonhando com essa viagem há um tempão. Você tem esse desejo. Sejam os parques das Disney, os museus de Washington, os cassinos de Las Vegas ou a Quinta Avenida. É pra lá que você quer ir, ponto!

Argumentos apresentados, não há como negar: sim, está mais caro, mas se você está em dúvida entre trocar os Estados Unidos pela Europa só porque “a Europa está mais barata”, considere mais um pouco e faça os cálculos direitinho. O dinheiro que você vai investir viajando 20 dias pela Europa será praticamente o mesmo que você vai investir viajando 20 dias para os Estados Unidos (em alguns casos, até menos).

Bom, agora que você já entendeu que a Europa não ficou mais barata, você pode me dizer que não planejava gastar tanto dinheiro assim na sua viagem original. Então, eu te digo: há trocas simples que você pode fazer durante a viagem para não ultrapassar seu orçamento e não prejudicar seu passeio (cuidado, isso pode torna-lo até mais divertido).

Não viajar durante a alta temporada

Os meses de junho, julho e agosto são os mais caros do ano porque é verão e férias escolares lá. Se puder optar pelos meses da primavera e outono, faça isso. Aproveite então para curtir os lugares mais tranquilamente, sem tumulto e com clima mais ameno.

Buscar formas alternativas de hospedagens

Os quartos caros nas grandes redes de hotéis podem ser trocados por quartos mais simples em pousadas ou hostels ou por quartos mais aconchegantes em casas de família via Airbnb.

Pensar bem quais passeios pagos fazer

Você não precisa fazer todos os passeios pagos em um lugar pra conhece-lo de verdade. Muitas vezes, caminhar por ruas escondidas, sentar em um café e observar as pessoas ou conversar com o garçom te fazem conhecer muito mais um lugar do que um dia dentro de um ônibus parando em todos os monumentos da cidade.

Em outros casos, o mesmo passeio pode ser feito de outra forma, por exemplo: passear de barco pelas margens do rio X pode ser substituído por passear de bicicleta, ou a pé, pelo rio X (com direito a para quando quiser e curtir o momento).

Pesquisar atividades gratuitas

Faça uma busca no Google por coisas free e escreva em inglês mesmo: “things to do for free”. Em grandes cidades, há sempre ótimos museus, passeios guiados (walking tour) e outras atividades gratuitas ou nas quais você deixa uma gorjeta no final.

Ousar em uma refeição por dia

Se você está em Nova Iorque por exemplo, porque você não experimenta comprar uma comidinha mais leve no supermercado ou nas redes de fast food e comer no gramado do Central Park? Eu garanto que os picnics fazem muito sucesso por lá e são divertidíssimos. Depois do almoço, dá até pra tirar um cochilo ou ler um livro encostado em uma árvore.

Agora que você já está convencido de que é possível manter seus planos de vigem, ainda pode restar uma dúvida: qual o melhor momento para comprar dólar? Como saber se a moeda tem uma tendência de alta ou de baixa? Essa previsão não é algo fácil (mesmo para os especialistas), e nós não vamos nos aventurar em terras tão desconhecidas assim, mas podemos te dizer como nós fazemos.

Nosso conselho sempre é (independente do contexto econômico) comprar dólares aos poucos. O importante é a média final não ultrapassar o seu limite.

Europa ou Estados Unidos

ATENÇÃO: Cartão de crédito” Certo, nós amamos nosso cartão de crédito. Até o pãozinho francês a gente paga com crédito. Tudo para acumularmos milhas. Mas em tempos de muita instabilidade vale fazer a continha antes. Se a tendência do dólar é aumentar, você pode ter uma grande surpresa na fatura do mês seguinte à viagem. E as milhas podem não compensar no seu caso.

E assim respondemos nosso querido leitor em dúvida: se você realmente quiser conhecer a terra do Tio Sam, não precisa desistir ou optar pela “Europa mais em conta”. É só planejar certinho e se jogar pra dentro do avião. E nunca, jamais nessa vida, se esquecer: viajar sempre compensa.

Infelizmente, eu não conheço os Estados Unidos (só o Paulinho, por enquanto), então você não vai encontrar dicas aqui neste blog. Mas tenho certeza que você vai se divertir com muita coisa bacana nos blogs abaixo:

Você tem alguma pergunta que precisa ser respondida? Escreve pra gente: contosdamochila@gmail.com.br. Quem sabe ela não vira um post também?

Se você achou nosso conteúdo útil, dá um joinha, compartilha ou escreve na caixa de comentários abaixo. Ah! E pode escrever suas dicas também! 😉

 

Obrigada por ler! <3

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6 COMENTÁRIOS

  1. Acho que ainda dá para fazer uma viagem mais econômica para os Estados Unidos, mas as pessoas precisam ter em mente que terão que fazer algumas substituições. Parar de pensar que os Estados Unidos são só um destino de compras (tem muita coisa bacana para fazer por lá que não envolve comprar) já ajuda também 😉

  2. Muito esclarecedor esse post!
    Ouço muita gente dizer o mesmo: que está mais barato ir à Europa do que aos EUA. Também, o povo só que saber de comprar, né? Vê se o povo programa viagem de compras para Europa?
    Tudo é muito relativo mesmo e temos que dançar conforme a música, né? O lema é: economizar para viajar – não importa o destino 😉

  3. Oi, Pam! É sempre bom ler dicas úteis! Precisamos cuidar com as propagandas enganosas e considerar muito os custos locais para não cair em uma ‘roubada’, né ?! O importante é ficar atenta e sempre viajar! bj

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