Linda, livre e autêntica Amsterdam

Amsterdam
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Juro que não sei como começar esse post.

Estou frustrada porque já gastei todos os adjetivos, superlativos, metáforas e etc que eu conheço para descrever outros tantos países e cidades (que sim, mereceram ser elogiados!) e agora que chegou a vez dela, tenho medo de parecer redundante, repetitiva ou falar mais do mesmo! Porque ela é diferente de tudo, tudo. É um sonho em forma de bicicleta, canais e casinhas ao melhor estilo “pequeno arquiteto” (aquele brinquedo antigo de montar casas, torres e prédios).

Olha o meu pequeno arquiteto aí
Olha o meu pequeno arquiteto aí

A hegemonia das bikes
A hegemonia das bikes

Bikes
Bikes

Amsterdam é linda de ponta a ponta, em muito mais de um sentido. Sim, falo da óbvia combinação da arquitetura e dos canais, das flores coloridas que enfeitam as dezenas de pontes, e da energia contagiante de uma cidade alegre, moderna e jovem.

Mas falo também de seu espírito livre e de vanguarda: em 2000, a Holanda reconheceu e legalizou a prostituição. Em 2001, tornou-se o primeiro país do mundo a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas, foi em 1976 que eles deram o primeiro passo progressista, legalizaram a comercialização e o uso de drogas de risco aceitável, como a maconha.

A cidade sob as águas. Das flores. Da liberdade. E do prazeres da carne, dos quadros de Van Gogh e do queijo (gouda, de preferência!). Amsterdam das bicicletas com carrinhos de bebê, das prostitutas em suas vitrines, do cheiro leve de maconha pelas ruas, dos sanduíches comprados na Albert Heijn e saboreados nos decks na beira dos canais.

Bicicletas para transportar crianças
Bicicletas para transportar crianças

Agora em ação
Agora em ação

Uma das irresistíveis lojas de queijos
Uma das irresistíveis lojas de queijos

Almoço na beira do canal: camarão comprado no supermercado. :)
Almoço na beira do canal: camarão comprado no supermercado. 🙂

Quem vai hoje para Amsterdam volta a acreditar na vida fora do portão de casa, nas pessoas desconhecidas que param para conversar sobre seus cachorros, no poder das nossas pernas (ainda capazes de andar a pé e de bicicleta). Começa a acreditar que tem muita gente no mundo que compra bulbo de flores, que as pessoas se respeitam pelo que são e não pelo que fazem. Descobre que a mulher pode andar de bicicleta com a saia livre, leve e solta, e que ninguém vai olhar e ficar comentando. Sim, é possível um lugar onde as mulheres possam ser tratadas de uma forma menos machista (embora ainda machista).

Vida fora do portão
Vida fora do portão

Bulbos, muitos bulbos
Bulbos, muitos bulbos

Galera nos parques
Galera nos parques

Mas nem tudo foram flores, cara pálida! Amsterdam já passou por poucas e boas! Fundada oficialmente em 1275, foi saqueada pelo império de Napoleão, invadida pelo exército de Hitler, e já sofreu um agrando inundação em meados de 1950. A famosa história da Anne Frank é holandesa.

Anne vivia em Amsterdam com sua família quando a segunda guerra começou. 100 mil holandeses foram mortos nos campos de concentração, inclusive Anne, poucas semanas antes do término da guerra. Já a grande enchente matou 1,8 mil pessoas, o que obrigou os governantes a investirem em projetos de controle hidráulico. Hoje, o plano de Amsterdam é considerado o mais moderno e eficiente do mundo!

Até mesmo as charmosas bicicletas, hoje símbolo máximo da cidade e do país, sofreram muitos ataques na época de sua popularização, quando a prefeitura decidiu implantar as faixas exclusivas, além de proibir a circulação de carros em algumas ruas do centro e aumentar a tarifa do transporte público. Na época, a medida foi bastante impopular (e a população que reclamava costumava dizer: “vocês acham que somos a Itália?”. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência, é o ciclo da história, rsrs). Bom, fato é que 50 anos depois, as bikes são uma extensão das pessoas, o primeiro presente de verdade que uma criança ganha. Quase 100% das pessoas têm uma bike, inclusive os mais idosinhos, que teimam em não aposentá-las. E há muitas variações também, como essa para levar as crianças. Achei o máximo e fiquei me imaginando carregando meu sobrinho em uma. <3

Mais bikes
Mais bikes

Mega estacionamento de bikes
Mega estacionamento de bikes

Ficamos hospedados na casa de duas garotas bem bacanas (uma delas tem por hobby cuidar de uma colônia de abelhas), perto do Voldelpark. O porque é o máximo. Energia super boa, cheio de crianças, cachorros, ciclistas, lagoas, e árvores lindas, que por estar próximo do outono, estavam começando a ficar com as folhas meio amareladas! É daquele tipo de parque que você tem vontade de ficar só sentado na grama, olhando, sentindo os cheiros e observando os gansos nas lagoas. Passamos por ele TODOS OS DIAS, sempre a pé e por caminhos diferentes. Posso afirmar que é um parque cheio de vida e, por isso, viciante!

Voldenpark
Voldenpark

Voldenpark
Voldenpark

Voldenpark
Voldenpark

Falando em caminhar, como caminhamos em Amsterdam. Como nossa casa era distante do centro, uns 45 minutos andando, nossa cota de exercícios diários era puxada e mais forte que muito programa de academia por aí. No final do dia, sentíamos nossas pernas queimando de verdade, como se fossem duas labaredas que nem um banho morno ajudava a diminuir. Sempre que conseguíamos lembrar, colocávamos as pernocas pra cima antes de dormir e sentíamos elas formigarem por alguns minutos. É… não tem muito luxo nesse negócio de mochilão, não, rsrs. Mas a cidade é completamente irresistível. Não tem nada, nada mais legal do que trombar com os canais e pontes durante as longas caminhadas que ela merece. Mesmo acabados do dia anterior, lá estávamos nós no dia seguinte caminhando feito dois andarilhos sem rumo.

Amsterdam
Amsterdam

Amsterdam
Amsterdam

Amsterdam
Amsterdam

E, de tão encantados que ficamos com a cidade, acabamos passando a maior parte do tempo na rua e optamos por não visitar alguns lugares ditos “obrigatórios”, como a casa da Anne Frank e o Heineken Experience. Primeiro, porque são atrações bem carinhas e nosso orçamento já estava quase estourando e segundo, porque preferimos conhecer, por exemplo, a biblioteca municipal, que é encantadora!

Eu sou uma pessoa que tem um certo fetiche por bibliotecas e livrarias. Consigo passar muitas horas só olhando os títulos, folheando as páginas. Tenho até sérias crises de abstinência quando fico muito tempo longe de uma livraria, rsrs. E assim que li sobre a biblioteca pública de Amsterdam corremos pra conhecer. E amei! Um lugar calmo, sereno, com uma iluminação baixa que aconchega, mas mais forte nas mesas de leitura. Um espaço gracinha para crianças e mais 6 andares de puro conhecimento. Tem até um andar exclusivo para filmes e músicas. Tudo gratuito para quem quiser entrar e se deliciar!

Biblioteca Municipal
Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal
Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal
Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal
Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal
Biblioteca Municipal

A cidade também é cheia de praças. A praça Dam, o coração da cidade é uma delas. É lá onde fica o prédio da Madame Tussauds, por exemplo. É um lugar super movimentado e bem bonito também. Outra praça bacana é a praça Leidseplein, melhor lugar para se encontrar bares e restaurantes de todos os tipos e muitos coffees shops (lojas especializadas na venda da maconha).

A praça Rembrandt (um dos maiores pintores holandeses) é menor, mas também charmosa, dá pra comer bem por ali na hora do almoço. E a Praça do museus (Museumplein) onde fica o famoso monumento I am sterdam, disputadíssimo todas as horas do dia. Ficamos um tempão lá tentando uma brechinha pra subir nas letras e tirar alguma foto que prestasse.

I am sterdam
I am sterdam

Também foi difícil encontrar um bom fotógrafo pra tirar uma foto nossa. A melhorzinha que conseguimos foi essa aí debaixo.

I am sterdam
I am sterdam

No sábado, nossos primos que moram na Bélgica e sobre os quais falei no post especial de Bruxelas, o Otávio e a Tamara, foram passar o dia com a gente. Essa é uma das coisas mais incríveis da Europa: em duas horas de carro, eles foram de Bruxelas para Amsterdam. Demais! O dia estava meio nublado, querendo chover, mas não choveu, só ficou nublado mesmo. Neste dia, nós fomos ao museu Van Gogh, no mercado de flores e à noite, na Red Light.

Museu do Van Gogh

Onde fica: ao lado do Museumplein (praça dos museus)

Como chegar: trams números 2 ou 5

Quanto custa: 19 USD (15 E)

Quanto tempo: 2 a 4 horas (mais uns 40 min na fila)

Vale bem a pena. Eu não sou super, super fã do pintor, mas adoro o quadro “Quarto em Arles”. Ficamos uns 40 minutos na fila só para comprar os ingressos e participamos de uma briga invisível no andar térreo para ver os quadros. Falo briga invisível porque é tanta gente educada “se batendo sem querer” pra ver o mais de perto possível a obra daquele gênio da pintura. Mas depois do térreo são mais 3 andares, se não estou enganada. Uma coleção imensa na verdade. A partir do segundo andar, o número de pessoas diminui e dá pra ver melhor. É claro que as obras dele são bacanas, mas devem ser mais bacanas pra quem entende de verdade (o que não é o caso dos curiosos aqui), mas o que achamos mais interessante é que o museu conta a história de um jeito simples e dá pra ver certinho o quanto o ambiente o influenciava, tanto na técnica, quando nos temas e nas cores que ele utilizava. É claro que não pudermos tirar fotos!

Além disso, lá descobrimos que ele não foi um daqueles pintores que já nasceram com o pincel na mão. Ele decidiu ser pintor e foi estudar, aprender. Bem diferente da imagem que temos desses grandes gênios, o que, de fato, foi uma boa inspiração: tudo é possível de ser aprendido, e se você não nasce com o “dom”, não significa que você será um fracasso na vida.

O mercado de flores é um mercado assim bem comunzinho. Achamos seria cheio de flores maravilhosas, coloridas, cheirosas, daquelas espécies que nunca vimos antes, infinitas cores de tulipas, etc. Mas, na verdade é um mercado de bulbos, maconha, mini tulipas de madeiras e souvenier. Isso mesmo, souvenier, no mercado de flores. Confesso que fiquei ligeiramente frustrada. 🙁

Mercado de flores
Mercado de flores

Mais bulbos
Mais bulbos

Mercado de flores
Mercado de flores

Agora, o que não dá pra deixar de fazer em Amsterdam é visitar a Red Light à noite. Muitos podem dizer que é programa bobo, de gente boba que que ver as mulheres peladas como se fosse um zoológico de mulheres. Mas, na real, o problema é o preconceito das pessoas que vão pra lá. As prostitutas estão trabalhando, pagam impostos e têm família. São mulheres como qualquer outra e a Red Light tem uma missão muito importante a meu ver que é desmistificar a prática da prostituição. Muito embora, uma parte das mulheres (vindas principalmente do leste europeu) tenha sido enganada pelos agentes e foram traficadas para lá (com toda aquela história de apreensão de passaporte que a gente conhece). Essa é a única parte que eu discordo: pra mim, essa figura do que chamamos vulgarmente de cafetão deveria ser proibida, justamente para evitar o trabalho sexual escravo. Mas, que é louco andar pelas ruas iluminadas de vermelho e ir se deparando com as mulheres mexendo com você, fazendo charminho, é. Tão louco de ver quanto de pensar.

Uma foto das vitrines, mas sem as mulheres, claro!
Uma foto das vitrines, mas sem as mulheres, claro!

Sobre os coffee shops, outra grande curiosidade, eles se parecem com pubs ingleses, normais, só que tem cheirinho de maconha. Sempre cheios de gente, com pessoas de todos os tipos, mas a maioria jovens. Descobrimos que 90% dos consumidores de maconha nos coffees shops são turistas e que os holandeses mesmo não são tão chegados assim na verdinha. O sistema legalizado funciona mais ou menos assim: as lojas podem vender apenas 5g de maconha para cada pessoa por dia. O governo tem mapeado todo o caminho que a maconha fez para chegar até a mão do consumidor: quem a produziu, por quais intermediários passou até chegar a loja e quem consumiu parte daquela produção. Eles controlam tudo e toda a cadeia é regulamentada, com regras muito rígidas para seguir.

Coffee shop
Coffee shop

Coffee shop
Coffee shop

Buldog, o mais famoso e mais antigo
Buldog, o mais famoso e mais antigo

Por fim, visitamos também o museu da prostituição.

Red Light Secrets

Onde fica: em uma das ruas da Red Light District, Achterburgwal

Como chegar: Da estação Dam de tram, uns 4 quarteirões a pé.

Quanto custa: 10 USD

Quanto tempo: 1 hora

Taí um lugar que nos desapontou. O museu tinha tudo pra ser um lugar muito esclarecedor e interessante, mas não rolou. Imaginamos que ele nos contaria a história dessa que é a mais velha das profissões no mundo: seus desdobramentos, sua prática na Holanda, a legalização, protestos, vida das mulheres… Mas, não, as únicas coisas que ele tem são uns três quartos pra mostrar o ambiente de trabalho delas, alguns depoimentos de profissionais, um banco pra você sentar e olhar o que uma prostituta olha quando está sem serviço, um quiz bem fraquinho no final e um mural com “segredos íntimos” de visitantes que decidiram compartilhar conosco. E só. É bem pequeno e não vale os 10 USD que pagamos.

Red Light Secrets
Red Light Secrets

Red Light Secrets
Red Light Secrets

Ao contrário do que muita gente pode pensar, Amsterdam não é um antro de perdição por conta disso. A cidade é muito segura, acolhedora e faz você se sentir em casa. Depois de dois dias, você sente como vocês já fossem velhas conhecidas. Seus prédios tortos na beira do canal, suas casas-barcos, as pontes de cadeados de casamentos, os muito jogadores de xadrez espalhados, seu congestionamento de bicicletas e suas cores alegraram nosso dia-a-dia e nos fizeram querer voltar pra lá tão logo saímos.

Bicicleta
Bicicleta

Prédios tortos
Prédios tortos

Jogadores de xadrez e tabuleiro gigante
Jogadores de xadrez e tabuleiro gigante

Casas-barco
Casas-barco

Como chegamos: ônibus de Londres
Quanto custou: 35 USD/pessoa
Quanto tempo levou: 13 horas
Gasto médio/dia: 80 USD/pessoa
Depois de Amsterdam: Paris

Onde nos hospedamos: Casa da Angie e da Angelle (via Airbnb)
Quanto custou: 100 USD/dia

Dicas:

-Ande. A pé, de bicicleta, mas ande. O maior pecado não é ver a casa da Anne Frank, é não conhecer os cantinhos da cidade.

-Reserve pelo menos 4 dias para Amsterdam. Você pode achar muito para um cidade tão pequena, mas acredite, quando chegar não vai querer mais ir embora.

-Experimente as varrições do queijo gouda. São deliciosas.

-Coma pelo menos uma vez a panqueca deles. Nada de muito extraordináro, mas a mansinha é muito leve e bem saborosa.

-Não ache que a cidade é pequena e que tudo é pertinho. Os deslocamentos a pé costumam ser bem demorados.

-O Buldog é o coffe shop mais famoso da cidade.

-Tenha muito cuidado ao tirar fotos n Red Light à noite. É proibido tirar fotos das mulheres nas vitrines. Ela tem um botão que chama a polícia imediatamente.

Outono chegando
Outono chegando

Amsterdam
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Amsterdam
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Amsterdam
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Amsterdam
Amsterdam

Amsterdam
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Amsterdam

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De pai pra filha
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Nossa mesa preferida durante as refeições: o deck de algum canal
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2 COMENTÁRIOS

  1. Te entendo quando diz sobre “abstinência de livrarias e biblioteca”…uma das minhas frustrações é não ter uma biblioteca municipal ou sebo na minha cidade….onde já se viu uma cidade sem um sebo decente?! Excelente post…como sempre faz querer me tele-transportar para lá!

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