Os Templos de Angkor, um tesouro na Ásia

Sabe aquele lugar incrível, quase indiscritível, que ficou séculos escondido da humanidade e que de repente você vê, por você mesmo, ao vivo e a cores? E ainda consegue caminhar por ele, olhar as esculturas desgastadas, os desenhos antigos na parede e tocar a vegetação que foi se criando por ali nos últimos 500 anos?

Então, esse lugar fica no Camboja. Em Siem Riep. São os Templos de Angkor!

Nos Templos de Angkor
Nos Templos de Angkor

Nos Templos de Angkor
Nos Templos de Angkor

Templos de Angkor

Antes, um pouquinho de história

Entre os séculos IX e XV, grande parte do sudeste da Ásia era um grande império, o império Khmer. A ele pertenciam o Camboja, a Tailândia, o Vietnã, o Laos e Miamar. A capital do super poderoso reino era Angkor (que hoje faz parte do Camboja) e foi em Angkor que o rei Suryavarman II ordenou, no século XII, a construção do que seria o centro político e religioso do império, os Templos de Angkor.

Foram necessários 300 mil escravos e 4 mil elefantes para colocar de pé o que é hoje o maior complexo religioso do mundo. Acredita-se que esse gigante hindu tenha uma extensão total de 3 mil km2 e que tenha abrigado meio milhão de pessoas no auge do seu poder.

Com o crescimento do budismo na região, o rei Srindravarman (que havia estudado o budismo e se tornado monge no Sri Lanka) conseguiu aquilo que outros reis fracassaram: alterar a religião do império, que passou a ser budista.

A história que nos contaram (até hoje não se sabe ao certo as causas da queda do império) é que a população se revoltou com a mudança de religião e o império começou a perder sua unidade e sua força, permitindo que mongois e outros grupos invadissem o território. A evasão em massa das pessoas e o enfraquecimento do reino foram inevitáveis.

Em 1594, a capital do império foi praticamente abandonada (somente alguns monges budistas permaneceram por ali) e, inacreditavelmente, todo esse lugar ficou esquecido pela humanidade. Até 1860, quando o francês Henri Mouhot conseguiu levar a atenção do ocidente para lá.

Nessa época, o Camboja era uma colônia francesa e, por isso, a França protagonizou o processo de restauração dos templos, começando pelo corte das milhares de árvores que, durante séculos, fizeram dos templos seu habitat. Em 1992, os Templos de Angkor foram considerados patrimônio da humanidade pela UNESCO. Grande parte do complexo já foi restaurado, mas ainda há muito a se fazer.

O Complexo

Mapa do complexo
Mapa do complexo

Destaque para o conjunto Angkor Thom, pelo tamanho e pelo Bayon. Bayon é um dos templos mais importantes do complexo, onde foram esculpidos rostos humanos que sorriem delicadamente. Nos disseram que aqueles rostos são a imagem e semelhança do rei Jayavarman VII (que ordenou a construção, claro), mas que oficialmente elas são uma homenagem ao Buda. É necessário no mínimo um dia para visitar o Angkor Thom.

Bayon
Bayon

Bayon
Bayon

Bayon
Bayon

Bayon
Bayon

Curiosidades

Foram necessários 10 anos, isso mesmo, 10 anos, para se cortar a maioria das árvores dos templos mais importantes. O processo de corte é muito cauteloso para não danificar as construções. A árvore do templo Ta Prohm ainda não havia sido cortada até as filmagens de Tomb Raider e, dada a quantidade de turistas que o local passou a trazer depois do filme, ela permaneceu intacta. Bom para os turistas, porque é muito impressionante ver aqueles galhos e raízes gigantes brotando de dentro do templo.

Olha que loucura essas árvores
Olha que loucura essas árvores

Árvores assanhadinhas
Árvores assanhadinhas

Hoje, as faces do templo Bayon são uma diferente da outra, mas nem sempre foi assim. Elas se modificaram com o processo de restauração, dada a dificuldade de se encontrar as peças exatas no meio da destruição. E, nesta nova composição, as estátuas ganharam novas identidades.

Bayon
Bayon

Foi graças ao (re)descobrimento dos Templos de Angkor e ao seu processo de restauração que o Camboja voltou a fazer parte do mundo, que o país passou a ter alguma importância novamente. E, por isso, até hoje, o governo cambojano e a população continuam muito, muito gratos aos franceses. Segundo o que ouvimos, é graças a França que, hoje, o mundo conhece o Camboja.

Inicialmente, os templos eram de cor avermelhada. Eles foram escurecidos pela ação da natureza. Em alguns lugares, é possível perceber o vermelho e dá até para imaginar como pode ter sido ainda mais lindo.

Vermelho
Vermelho

Vermelho
Vermelho

Por que visitar

Porque o lugar é simplesmente surreal, esplendoroso, majestoso, um tesouro, uma joia da humanidade. Sério, para nós, deveria ser uma das sete maravilhas do mundo.

Estudamos muito na escola sobre os impérios romano, otomano, britânico, persa, mas não sabemos praticamente nada sobre o que foram os impérios asiáticos, como o mongol e o próprio khmer.

De perto, sem correntes ou fitas no chão demarcando até onde você pode ir, você pode tocar na maioria das paredes e estátuas, observar a mudança das cores, ler os desenhos de guerra. É único. E depois de saber exatamente onde você está pisando, você agradece, a quem achar que merece, pela oportunidade de estar ali e agradece a si mesmo por ter se permitido fazer parte disso.

Esculturas nas paredes
Esculturas nas paredes

Mais algumas esculturas
Mais algumas esculturas

Pinturas de guerra
Pinturas de guerra

Mais algumas pinturas
Mais algumas pinturas

Bayon
Bayon

Como visitar

A primeira coisa a fazer é reservar hotel em Siem Riep, cidade que fica a 5 km de lá. Siem Reap tem uma ótima estrutura turística, cheia de restaurantes e muitas opções de hotel.

Confira nossos posts sobre Siem Reap:

Siem Reap – primeiras impressões

Siem Reap – últimas impressões

Pelo tamanho e complexidade do lugar, há algumas opções de “pacotes” de ingressos para você comprar:

1 dia  (20 USD)

3 dias (40 USD)

7 dias (60 UDS)

Você compra na hora mesmo. O ingresso tem até uma foto sua e é ele que você vai apresentar todos os dias antes de entrar. Se comparados aos gastos diários no país, os valores são bem caros mas, se comparados à riqueza e a importância do local, eles são bem justos.

Pra chegar até lá, a prática mais comum é você encontrar um tuk tuk no primeiro dia e combinar com ele o trajeto para os outros dias também (uma boa estratégia é pedir indicação ao seu hotel). Na maior parte das vezes, o motorista que te leva da estação de ônibus ou no aeroporto até o hotel é quem vai te acompanhar pelo resto os dias. Mas, nada impede que você diga para eles que ainda não sabe quando vai e, então, você pede a ajuda do hotel. Só se prepare para o choramingo e para a insistência deles.

Dá pra ir de ônibus e bicicleta também, mas as distâncias entre os templos são tão grandes e o calor tão avassalador que você vai agradecer de joelhos toda vez que vir o seu motorista te esperando na saída da visita, pronto pra te levar para o próximo ponto.

Também é possível contratar os pacotes das agências de turismo de Siem Reap, que oferecerem somente o transporte ou transporte + guia.

O valor com o tuk tuk é fechado por dia e o motorista fica à sua disposição 100% do tempo. Nós pagamos 13 USD/dia para fazer o pequeno tour, ou seja, os templos mais famosos, e achamos que foi bem pago.

Quando visitar

A melhor época, sem dúvida nenhuma, é o “inverno”, de dezembro a fevereiro, que beira os 28/30 graus. Nós fomos no que seria a primavera, no finalzinho de março, e, passamos um calor indescritível. Praticamente, um calor de deserto. A partir de maio é inviável completamente, pelo calor e também pelas fortes chuvas dada a época de monções. A partir de outubro, a visita volta a ser possível.

Sol de rachar o bambu
Sol de rachar o bambu

Passeios imperdíveis

Os templos imperdíveis são Bayon, Ta Prohm e Angkor Wat. Bayon é aquele templo impressionante das mais de 200 faces; no Ta Prohm fica o cenário do filme Tomb Riader e dá pra ver bem de perto a invasão da vegetação sobre a construção e Angkor Wat é o cartão postal da cidade, e mais, é o templo que estampa a bandeira do país. Era de dentro dele que os imperadores governavam.

Ta Prohm
Ta Prohm

Ta Prohm
Ta Prohm

Um passeio imperdível mesmo, mas que você vai ter que contar com a sorte, é ver o nascer do sol no Angkor Wat. Você aluga uma bike (3 USD) e sai até às 4h30h da manhã do hotel e pedala até lá, sentindo o arzinho um pouco mais gelado da manhã e apreciando a paisagem tomada pela vegetação. A pedalada leva em torno de 50 min e já vale a pena só por ela.

A galera que sobrou depois do nascer do sol
A galera que sobrou depois do nascer do sol

Chegando lá, amarre bem a bike e esteja a postos para quando o sol nascer. Ele pode nascer no meio de muitas nuvens (o que aconteceu com a gente), e você pode ficar um pouco frustrado, mas vale a tentativa. Deve ser bem lindo quando o céu está limpinho.

Angkor Wat
Angkor Wat

Mais uma...
Mais uma…

Os Templos de Angkor realmente são a grande atração do Camboja, e de Siem Reap, mas se permita, pelo menos um dia, andar pela cidade, conhecer seus cantinhos, visitar as feirinhas de artesanato e, se puder, estender seu tempo pelo país e conhecer outras regiões, que são muito, mas muito diferentes da região de Angkor. Ah! Não se engane, Siem Reap não é a capital do Camboja. A capital se chama Phom Phen.

Um pouco de Siem Reap
Um pouco de Siem Reap

Siem Reap
Siem Reap

Siem Reap, lojinhas e pequenos shoppings de artesanato
Siem Reap, lojinhas e pequenos shoppings de artesanato

 

Dicas gerais

Essencial na sua mochila para passar o dia: muita água, boné, protetor solar, toalhinha e algum lanchinho.

Os ingressos são vendidos apenas nas bilheterias do complexo. Não compre em outro lugar, em nenhuma hipótese.

O horário de visitação é das 5h às 17h, portanto, planeje-se pra não ficar chorando depois.

Se você for de bike assistir ao nascer do sol no Angkor Wat, planeje para o mesmo dia conhecer melhor a cidade de Siem Reap, ao invés de ficar no templo. O calor só irá te permitir voltar pedalando até às 10h da manhã, depois disso, esquece.

Meninas e meninos, mesmo que vocês adorem usar regatas, não se esqueçam de levar uma camiseta de manga curta na bolsa, e para as meninas mais uma canga, porque em muitos lugares não se pode entrar com ombros e joelhos à mostra. Meninas, atenção: xale não conta para esconder os ombros na entrada de algumas atrações, tem que ser camiseta mesmo.

Preparem-se para a exército de crianças vendendo balangandãs e pedindo esmolas. Elas têm um ótimo inglês e vão arriscar algumas palavras em português (pasmem, elas sabem que nossa capital é Brasília e não o Rio).

Crianças
Crianças

Nós realmente aconselhamos você a fazer o pequeno tour em 3 dias, porque os templos são enormes e o cansaço bate sem dó. Se quiser se aprofundar e conhecer os templos mais distantes, compre o ingresso para 7 dias.

Nos Templos de Angkor
Nos Templos de Angkor

Nos Templos
Nos Templos

Mais arte
Mais arte

Templos de Angkor
Templos de Angkor

Bayon
Bayon

 

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9 COMENTÁRIOS

  1. Sensacional do início ao fim! Camboja e arredores está no topo da minha wish list e eu adorei ler o teu relato. Acho que só não fui ainda, pois não me encorajei em ir para a Asia solo. As imagens também estão incríveis! Parabéns! 😉

  2. Quero muito conhecer a Ásia, mesmo que ainda um pouco distante dos nossos planos. Viajei total lendo seu post! Me senti lá em alguns momentos. Parabéns.

  3. Nossa, que lugar incrível!
    Eu sempre fico pensando na Ásia, mas muitas vezes parece um sonho tããão distante..rs
    Adoro lugares cheios de história!

    beijos

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