Viagem a Mandalay: os cheiros, cores e costumes de Myanmar

Mandalay foi nossa porta de entrada em Mianmar, onde tivemos nossas primeiras impressões e descobertas sobre cores, cheiros, costumes… enfim, sobre o mundo birmanês! E apesar de já ter sido capital, e atualmente ser a segunda cidade mais populosa do país, nos pareceu que sua abertura para o mundo ainda era muito recente. Neste post, falamos sobre nossas impressões gerais do país, Mianmar.

Eles ainda estão se acostumando a receber turistas, e por diversas vezes percebemos as pessoas nos observando com curiosidade. Em alguns casos, os monjes até pediram até para tirar foto conosco, como esse colega monge, com quem batemos um papo com tradução simultânea.

PS: parece que eu, Carol, estou encostada nele, mas é só aparência. Tomamos muito cuidado para não tocar os monjes.

monje mandalay
Monje (PS: atenção ao celular)

A cidade de Mandalay possui um grande quarteirão cercado por muralhas no centro, que é a reconstrução do antigo Palácio Real, pois o original foi destruído. A maioria dos pontos turísticos fica ao leste e ao norte do Palácio.

Olhando pelo mapa, a organização das ruas parecia bem mais simples, pois o sistema é numérico, e as distâncias menores. Mas na prática, tivemos que andar muito (pernas para que te quero!!!) e nos perdemos um pouco entre ruas inacabadas!

Aquele velho e bom passeio de mochileiro, não é mesmo?! Também dá para alugar bikes na região dos hotéis, o que acabamos fazendo em outra oportunidade (mesmo assim, não deixamos nos perder!).

Quando começamos a explorar os templos birmaneses, notamos que eles são bastante frequentados pelos nativos, que ficam por lá conversando e às vezes até deitados no chão tirando um cochilo!

No início, isso nos pareceu um certo desleixo, mas a verdade é que o templo parece ser uma extensão da casa das pessoas. A própria população ajuda muito a mantê-los de pé: tem sempre alguém ajeitando uma coisinha, varrendo, regando uma planta… é a vida em comunidade!

limpeza templo mandalay
Sirva-se à vontade!

Para visitar alguns deste pontos turísticos é necessário comprar um cartãozinho que é carimbado em cada local. Nós havíamos lido que, apesar de ser requisitado em pontos variados, ele só era vendido no Palácio Real.

Por isso, passamos primeiro no Palácio para comprar o cartão e seguimos com a nossa programação do dia, que não incluía o Palácio. Quando voltamos para visita-lo no dia seguinte, não nos deixaram entrar, pois o cartão já estava carimbado! A pessoa que nos vendeu carimbou o cartão e nós nem percebemos que isso poderia ser um problema. Tentamos explicar, mas aí a limitação da língua foi intransponível! Uma pena.

Assim, nosso conselho é: compre o cartão, visite o Palácio Real primeiro, e siga com a programação normalmente depois. Mas, se o seu cartão não for carimbado no momento da compra, então é possível voltar para o palácio depois.

Para o pôr do sol, a dica é a Mandalay Hill, que nos presenteia com essa vista aqui:

Mandalay Hill
Pôr do sol em Mandalay Hill

Há uma escadaria longa para subir o Mandalay Hill, mas vale cada degrau! Estranhamos não termos visto outros turistas por ali, mas durante descida, descobrimos haver uma outra via mais movimentada que também poderíamos ter usado.

Na volta, já estávamos bem cansados, pensando na nossa peregrinação de retorno quando resolvemos recorrer ao mototáxi! Há muitos por lá, afinal Mandalay é dominada por aquilo que apelidamos carinhosamente de “mototocas”.

Mototaxis em Mandalay
Parada das “mototocas” para um chazinho

Depois de negociarmos com os motoristas, cada um subiu na sua garupa e… simbora! É uma aventura por si só, regada a muito ar fresco e buzinadas! Batendo um papo com os motoristas, descobrimos que o esporte mais popular é o cane ball, uma espécie de futebol jogado com uma bola de fibra de madeira. As pessoas jogam em círculos ou em com redes, no melhor estilo futvôlei.

O segundo esporte lá é o futebol e, claro, o Brasil e seus jogadores são sempre lembrados (Neymar! Ronaldinho!). Mas o que eles acompanham mesmo é o futebol europeu. As casas de chá e os cafés ficam lotados para uma partida da Champions League. Aparentemente, ninguém dá muita bola para a Copa do Mundo: nosso 7×1 incrivelmente parece não ter chegado por lá!!!

Para o dia seguinte, contratamos um tour guiado em grupo pela agência Upperland (US$30/pessoa). Normalmente não somos muito adeptos desses passeios, mas sentimos que era uma oportunidade importante para nos aproximarmos mais dos locais, já que a interação de outras formas é um pouco mais limitada.

Também queríamos ter mais contato com outros viajantes. Quando o microônibus chegou para nos pegar… éramos nós dois, a guia, o motorista e seu ajudante! Sim, 3 pessoas da agência para 2 gringos!

Nosso roteiro foi o tradicional, incluindo os passeios mais comuns como Ava, Sagaing Hill e Amarapura, lugar famoso pela U-Bein Bridge, a maior ponte de estacas de madeira do mundo.

U-Bien Bridge
U-Bein Bridge. Relaxando na ponte

No caminho, também visitamos uma fábrica de artesanatos e bonecos, um monastério para monjas e um tear de seda. Lá, observamos os primeiros sinais de admiração à Aung San Suu Kyi, ganhadora do Nobel da Paz em 1991. Falaremos mais dela no post de Yangon!

Nossa guia, a Papa, era muito simpática e curiosa. Ela ficou muito agradecida de termos interesse no país dela e termos pesquisado um pouco a respeito antes. Tivemos a impressão de que ela era uma pessoa mais antenada com novidades, desde coisas materiais (óculos escuros, celular, roupas) até conhecimento. Muito provavelmente, pelo maior contato com estrangeiros.

No final, sentimos que contratar o passeio guiado foi a melhor coisa que podíamos ter feito. Foi uma das raras oportunidades que tivemos de conversar mais a fundo com um local (um dia inteiro!) e fazer perguntas sobre o budismo, comida, clima, economia, educação, costumes… menos política! Lembram-se que é proibido?

Bom, na verdade, apesar de não termos entrado diretamente neste assunto com ela, a Papa deixou nas entrelinhas sua opinião… em dois momentos diferentes começou a sugerir o que pensava, mas em ambos os momentos, acabamos cruzando com outras pessoas na rua e ela parou de falar. Para se visitar Myanmar, é importante estar atento a algumas dicas importantes e práticas para não correr o risco de infringir alguma regra social ou religiosa.

Seguindo a viagem, acordamos bem cedo no outro dia (3h30) para ver o ritual de lavagem do rosto de Buda. Os funcionários do hotel nos ajudaram na logística combinando com o motorista conhecido por eles. Sahara. Nós nos hospedamos no hotel Sahara, que ficava em uma rua movimentada e um pouco barulhenta por causa das janelas que davam para a rua (como nosso caso). No entanto, como a vida noturna em Mianmar acaba cedo, não há muito problema!

Nosso taxista era muçulmano. Os muçulmanos são uma minoria em Mianmar, claro, e eles sofrem bastante discriminação no país (principalmente nas fronteiras). No meio do caminho, percebemos que ele desviou para a direção contrária de onde íamos e ficamos meio apreensivos… mas ele só estava aproveitando que estávamos adiantados para abastecer seu carro em um posto mais barato (lá do outro lado!!!).

Nosso motorista muçulmano nos levou para o ritual budista da madrugada e ainda nos presenteou com duas garrafinhas d’água; também guardou nossos tênis e ficou pacientemente nos esperando! Achávamos que a celebração começava às 4h, mas só começou mesmo às 5h. De qualquer forma, foi muito interessante ficar uma hora por lá observando a preparação do ritual e os fiéis.

O ritual acontece semanalmente no templo Bahamuni Paya, e ele estava cheio de crianças, adultos e principalmente pessoas mais velhas. Os monges já recolhiam seus donativos e havia muitas oferendas e cânticos/preces. Os turistas eram bem poucos e nos sentimos privilegiados de poder participar daquele momento.

Por outro lado, acabamos nos questionamos se não estávamos “invadindo” o espaço alheio e contribuindo para uma certa massificação do turismo no país.

O Buda deste templo já está com o formato bastante diferente do original, pois muitas pessoas foram colando folhinhas de ouro para doação. Um monge faz a lavagem delicada do rosto e seca com toalhas trazidas pela população, que também faz fila para receber a água da lavagem depois.

Lavagem cuidadosa do rosto de Buda
Lavagem cuidadosa do rosto de Buda

Depois disso, finalizamos nosso último passeio por Mandalay de bicicleta (ufa!), passeando por regiões mais distantes das centrais e menos turísticas. É quando entendemos melhor a dinâmica local.

Passamos por várias construções e avistamos trabalhadores, inclusive crianças e adolescentes, em cima de andaimes feitos de bambu e cordas, usando apenas chinelos de dedo e sem nenhum cinto de segurança, capacete ou uniforme…

trabalhadores da construção Mandalay
Cena relativamente comum

Há tanto problema a ser resolvido por lá que a discussão sobre trabalho infantil parece não fazer tanto sentido (ainda!). Trabalha-se para ajudar a família e a comunidade, e ponto. Mas sem deixar de estudar.

Quando fizemos o check-out do hotel, descobrimos, sem querer, parte do staff em uma salinha fazendo aulas de inglês e de atendimento ao cliente, todos em torno de uma mesa e uma lousinha. Ficamos contentes em ver que algumas coisas já começaram a mudar! Fomos para Bagan, já com saudades de Mandalay!

Outra perspectiva da U-Bein Bridge
Outra perspectiva da U-Bein Bridge

Carolina e Marcelo toparam o desafio de contar pra gente como foi a viagem deles pra Myanmar. Eles são “Gente que Ama Viajar”.

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